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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A Onda – De boas intenções...

Resenha de José Messias, aluno do curso de Jornalismo da Uerj e colaborador do site Cinetotal.

Era uma vez um homem chamado Adolf e ele só queria fortalecer seu país, completamente desestruturado após a Primeira Grande Guerra. Como todos sabem, dentre os métodos utilizados por ele estava incitar o ódio racial e o confronto direto com outras nações, consideradas inferiores, o que culminou na Segunda Guerra Mundial. Na história da humanidade existem centenas de acontecimentos trágicos como esse, muitas vezes insuflados por líderes bem-intencionados. Em “A Onda” (Die Welle), um exercício escolar à primeira vista inocente transforma alunos de uma escola alemã em fascistas em potencial.

O filme é baseado numa história real que na verdade aconteceu nos Estados Unidos. Em 1967, o professor Ron Jones propôs uma experiência a sua turma, eles tentariam simular como era viver sob a disciplina extrema de um regime autocrático (ditadura cujo poder está centrado num indivíduo ou pequeno grupo). O grupo foi chamado de “A Terceira Onda” – uma referência ao Terceiro Reich alemão – e rapidamente se espalhou por toda escola levando a atos de violência e vandalismo.

Quatorze anos depois, em 1981, o norte-americano Todd Strasser escreveu o livro “A Onda”, sob o pseudônimo Morton Rhue – curiosamente derivado das palavras morte e rua em francês (mort e rue). Antes mesmo de virar longa na Alemanha, o livro gerou um especial de tevê norte-americano que inclusive chegou a ganhar um prêmio Emmy. A obra é um Best-seller mundial e leitura obrigatória nas escolas germânicas, daí a necessidade de atualizá-la nesta nova produção.

O projeto ficou a cargo do promissor Dennis Gansel. Como diretor ele já recebeu prêmios em diversos festivais europeus e seu trabalho em “A Onda” lhe rendeu uma indicação no Sundace. Gansel também participou da confecção do roteiro, dessa vez dividindo o crédito com seu amigo pessoal e ex-colega de faculdade Peter Thorwarth. Graças à dupla, o longa conseguiu produzir uma retrato bastante fidedigno da sociedade alemã, sobretudo a juventude, ainda estigmatizada pelo nazismo. Assim como fez em seu último longa, “NaPolA – Antes da Queda”, Gansel não se acanhou na hora de tocar em temas sensíveis como anarquia, nazismo, consumo de drogas e delinqüência juvenil.

Outra peça chave para o funcionamento da mecânica de “A Onda” é o elenco. Encabeçado pelo ator ganhador de um urso de prata do Festival de Berlim, Jürgen Vogel (o professor Rainer Wenger), o elenco ainda conta com jovem Frederick Lau que rouba a cena como perturbado Tim. Essa atuação lhe rendeu o prêmio de melhor ator coadjuvante no equivalente ao Oscar alemão.

“A Onda” nos mostra o quanto a mente humana está sujeita a ideologias potencialmente perigosas. Começa sempre com uma boa iniciativa, depois vem o famoso discurso do “para um bem maior” e quando menos se espera as liberdades individuais estão em risco. No filme, um dos momentos que melhor ilustra este quadro é a cena da nomeação do grupo. Dentre os vários nomes escolhidos pelos alunos está “Clube dos Visionários”, revelando o quão tênue pode ser a linha que separa uma possível utopia de uma ditadura.

Um comentário:

  1. Trata-se da história de uma promissora experiência de criar solidariedade, aprofundar a integração entre membros de um grupo pequeno, suprimir desigualdades, deixar de lado os perniciosos individualismo, egoísmo e consumumismo prevalecentes em nossa sociedade.

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